Considerado um dos principais parasitas dos sistemas de produção pecuários, o carrapato bovino (Rhipicephalus (Boophilus) microplus) alimenta-se do sangue de bovinos podendo transmitir hematozoários, principalmente dos gêneros Anaplasma e Babesia, que são causadores da já conhecida tristeza parasitária bovina.
Exatamente por isso é que os carrapatos geram lesões na pele, com consequente desvalorização do couro do animal parasitado. Além disso, animais infestados apresentam diminuição de peso, redução da produção de leite, queda da natalidade e aumento dos custos de mão de obra e materiais, principalmente no tratamento e curativos das doenças secundárias.
Dessa forma, realizar o controle estratégico (e eficiente) deste parasita é essencial. Para isso, devemos considerar diversos aspectos, desde o conhecimento do ciclo biológico do carrapato, passando pela época, frequência e forma de aplicação do carrapaticida mais adequado e chegando aos cuidados com a possível resistência aos produtos comerciais.
A fase “parasitária” de desenvolvimento do carrapato se inicia com o acasalamento de machos e fêmeas sob o bovino. As fêmeas, então, passam a se alimentar do sangue bovino, e, uma vez alimentadas, se desprendem do animal, descendo ao solo.
No solo, é iniciada a fase “não parasitária”, em que a fêmea procura um local sombreado e úmido para começar a realizar a digestão dos componentes do sangue bovino, objetivando ter matéria-prima para a formação dos ovos. Após a eclosão dos ovos, as larvas, conhecidas como micuins, ficam no solo.
Alguns dias depois, sobem em talos das plantas no pasto e esperam a passagem do bovino, reiniciando a fase “parasitária” do seu ciclo de vida.
Assim como o conhecimento do ciclo biológico do carrapato, é essencial definir, também, qual é a melhor época e qual é a frequência correta dos tratamentos.
Sabe-se que durante os meses mais quentes ou mais secos do ano, a tendência é que os carrapatos morram mais facilmente na pastagem, em decorrência das temperaturas mais altas e umidades mais baixas.
Por isso, essa época é a mais indicada para uma estratégia intensiva de controle, eliminando o maior número possível de carrapatos, impossibilitando que uma população de carrapatos surja nos meses futuros.
O intervalo entre banhos subsequentes também é um fator muito importante a se considerar. Isso porque alguns carrapaticidas continuam matando os carrapatos mesmo após sua aplicação nos bovinos, por meio da ação residual.
Dessa maneira, geralmente o intervalo entre os tratamentos deve ser o número de dias da fase parasitária (que é de 21 dias), somado ao número dos da ação residual do produto.
Tanto o número de tratamentos quanto o intervalo entre as aplicações são diferentes para cada principio ativo de carrapaticidas. Portanto, é importante que o pecuarista leia a bula ou consulte um veterinário antes da aplicação de qualquer produto.
A forma de aplicação mais utilizada e eficiente é a pulverização. Porém, para uma boa aplicação é preciso se atentar para alguns fatores importantes durante o procedimento. O manejo correto do carrapaticida se inicia com a correta proteção do aplicador, que deve ser obrigado a utilizar o Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo. Carrapaticidas podem ser tóxicos ao homem, assim, o uso de EPI é essencial para não ter contato direto com o medicamento.
Outro fator muito importante que deve ser considerado é o preparo da solução para pulverização. Ele deve seguir as recomendações sempre presentes nas bulas, diluindo a dose indicada em uma pequena quantidade de água para formação da calda. Depois da mistura estar homogênea, é adicionado o volume de água necessário para completar a solução final, que também deve ficar homogênea.
É muito importante que o produtor esteja sempre atento ao correto uso dos carrapaticidas. Falhas no preparo da solução, o uso de subdoses e a aplicação mal feita fazem com que os carrapatos não morram e, se eles sobreviverem à aplicação do carrapaticida, maior será o número de carrapatos da geração seguinte resistentes ao princípio ativo.
Em muitos casos, devido à alta infestação de carrapatos no rebanho, o pecuarista se “desespera” e começa a aplicar os carrapaticidas com grande frequência, às vezes realizados em intervalos semanais, sem se preocupar com o tempo correto das aplicações.
No entanto, assim como a aplicação incorreta de carrapaticidas, a alta frequência favorece o estabelecimento da resistência genética dos carrapatos. Além disso, o excesso de aplicações resulta num acúmulo de resíduos químicos nos animais, no ambiente e até no homem.
Todo pecuarista precisa estar preparado para combater este parasita em seu rebanho. Por isso, se ficou com alguma dúvida, entre em contato com a nossa equipe para LABOVET esclarecê-las, e até a próxima.