Será anunciada na reunião da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (Cosalfa) 2017, a mudança na vacina contra a febre aftosa e as ações para a retirada gradual da vacinação no país. A reunião está prevista para ocorrer em Pirenópolis (GO), no mês de abril entre os dias 3 e 7. Guilherme Marques, diretor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), afirma que tudo será feito de maneira organizada, respeitando a situação comercial e sanitária dos estados. O Diretor ainda enfatiza que a posição do país é muito favorável, tanto pela inexistência da circulação do vírus, como pela alta resposta imunológica dos rebanhos.
Atualmente o produto é trivalente e protege o rebanho dos vírus A, C e O. Segundo informações do Mapa, a vacina será modificada, em um primeiro momento, com a retirada do vírus “C” (inativado) da composição do produto. A remoção do vírus C é viável, já que está erradicado há mais de 13 anos no Brasil, conforme avaliação de Guilherme Marques. Em 2018, o produto será bivalente contendo apenas as cepas A e O. Em razão disso, a dose da vacina também deverá diminuir de 5 ml para 2 ml, sem perder qualidade e com os antígenos necessários à manutenção da erradicação da doença.
Quanto aos benefícios, o ministério da agricultura prevê a redução de custo utilizado no transporte, armazenamento e na conservação das doses. Tanto no processo de fabricação e distribuição, quanto na comercialização. Ainda, haverá diminuição nos gastos com o manejo nas propriedades e menos reações nos animais. O cronograma de retirada não está definido. Porém, o Mapa trabalha com a possibilidade de remover a vacinação de 80 milhões de cabeças a partir de novembro de 2018.
A ação está sendo vista como precipitada pelos produtores de carne bovina. Para a Federação da Agricultura no Estado (Farsul), o processo só poderá ser concretizado quando houver segurança nas fronteiras. Gedeão Pereira, vice-presidente da Farsul, se diz temeroso quanto a decisão, pois não vê um ambiente propício. A extensa faixa de fronteira do país, segundo Pereira, não dá garantias para afastar a doença e diz ter receio em perder mercados tão exigentes como os Estados Unidos. A medida, porém, foi recebida com otimismo pelas indústrias de aves e suínos, impactadas no mercado externo pela adoção da vacina em maior parte do país. Mercados importantes ainda têm restrições a países que vacinam, pois entendem que se a imunização é feita é porque existem focos da doença, afirma Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).