Dentro do cenário econômico, as empresas brasileiras vêm enfrentando um ambiente bastante característico. Há muita incerteza, os mercados estão oscilantes, o dólar varia muito (geralmente sendo alto!) e a indefinição política no nosso país é uma constante. Agregado a tudo isso, enfrentamos uma grave crise econômica, que parece não ter fim.
Por estar dentro deste mercado, o produtor rural também sofre com esta situação. Porém, mesmo perante a crise atual, o setor tem constantes superávits na balança comercial.
Diante deste panorama, o homem do campo precisa abandonar a posição de sitiante/fazendeiro/produtor rural e partir para a era da gestão de empresas rurais, assumindo o importante papel de empresário rural.
Mas você sabe o que é e qual é a importância da gestão em empresas rurais?
O que é gestão rural?
Muita gente confunde o termo gestão com administração. Como o próprio nome diz, a administração tem uma concepção técnica racional, e seu enfoque maior acontece no processo administrativo, somente.
Já a gestão tem uma concepção gerencial mais ampla. O termo surgiu da necessidade de um conceito novo de administrar, expressando as mudanças que aconteciam dentro do contexto, mais que superassem a visão tecnicista, que fossem além das tarefas de coordenar, planejar, organizar, dirigir e controlar.
Dessa maneira, o gestor de uma empresa rural além de administrar, precisa ter um pensamento estratégico da sua empresa, conhecendo o mercado e o ambiente que está inserido, além de gerenciar seus recursos, pessoal e mensurar todos os dados obtidos dia a dia, sempre buscando acerto nas tomadas de decisão, que com uma boa gestão tendem a ser mais eficazes.
Gestão rural: do “preconceito” ao controle das atividades
No ambiente corporativo das grandes cidades, a gestão já tem um alicerce bem forte, sendo realizada na grande maioria das empresas.
Anos atrás, a gestão rural era vista com preconceito, ou como um “gasto extra” pelo, até então, produtor rural. Por força do mercado, as coisas estão mudando – e para melhor. Para continuar ativo no mercado agropecuário, o empresário rural começa a sentir a importância de adotar algumas ferramentas de gestão em sua propriedade, tornando-a uma verdadeira empresa rural.
Com a auxilio destas ferramentas e de uma mensuração eficiente, a tendência é que, com o tempo o produtor rural – agora empresário rural – utilize meios para auxilia-lo na tomada de decisão e com isso tenha ganhos em produtividade e principalmente em lucratividade, quebrando esse “preconceito” que ele pode ter com a gestão!
Como iniciar a gestão eficiente de uma empresa rural?
Com o “preconceito” deixado de lado, e os empresários entendendo o que é e qual a importância da gestão, é hora de gerenciar a empresa rural. No entanto, há dificuldades logo no primeiro passo: como implementar a gestão?
Toda empresa necessita de ferramentas gerenciais simples e aplicáveis à sua realidade. Muitas vezes, metodologias complexas e com várias vertentes prometem análises extremamente detalhadas, mas não saem do papel ou não são conduzidas da forma que deveriam, levando ao insucesso da sua utilização. Dessa, forma a simples organização em planilhas de papel pode ser a solução para realizar uma gestão eficiente.
Antes de tudo, o empresário rural precisa definir aonde quer chegar e qual é a razão da existência da sua empresa. Também é preciso que ele defina suas metas e esteja ciente de que todas devem ter objetivo, prazo e valor.
Um grande erro de empresas rurais é não saber qual é o objetivo do empreendimento e nem quando ele será atingido.
Depois de definida a meta, é preciso planejar e definir ações para chegar a ela, e isso será conseguido com bons planos de ação. Problemas certamente irão surgir e, quando eles aparecerem, ferramentas gerenciais que levem a uma boa análise devem ser utilizadas, na busca de soluções.
Ciclo PDCA: Auxiliando a gestão das empresas rurais
Todo empresário rural sabe muito bem que o trabalho no campo tem variáveis e a necessidade de tomadas de decisão todo dia. A gestão tem a função de auxiliar o empresário na realização das ações com menor possibilidade de erro. O conceito do Ciclo PDCA, nesse sentido, é uma ótima ferramenta.
Esse conceito surgiu na década de 30, idealizado pelo americano Walter Andrew Shewhart, e é dividido em 4 etapas cíclicas, ou seja, nunca há um final:
1 – Plan (Planejar): É a etapa em que se analisam os problemas que devem ser resolvidos, seguindo a ordem:
Definição dos problemas, definição dos objetivos e escolha dos métodos para resolver os problemas.
2 – Do (Fazer): É hora de colocar a mão na massa, quando o empresário rural deve executar o que foi planejado anteriormente. Neste momento, deve-se treinar o método, executando-o e realizando eventuais mudanças. Por fim, são mensurados e registrados os resultados.
3 – Check (checar): Esta é uma das etapas mais importantes que definem o conceito do PDCA num ciclo. Depois de checar, o empresário deve procurar agir de uma forma mais eficiente, ou seja, ele deve verificar se o padrão está sendo obedecido, entendendo o que funciona e o que não funciona.
4 – Act (ação): Essa é a hora de agir e fazer acontecer. Se as coisas estão conforme programado, continue assim! Repita, também, as soluções que se mostraram adequadas.
Ao final da quarta fase, o conceito de PDCA recomenda o reinício do ciclo para se buscar uma melhoria continuada e ininterrupta.
Cuidados ao aplicar o método PDCA
Só comece a executar o método depois de ter se dedicado exaustivamente ao seu planejamento. Além disso, caso perceba que, no agir, há excesso de repetições e tentativas, retorne ao seu planejamento.
Por fim, toda gestão precisa se mostrar aberta e dinâmica, pois velocidade de ação pode ser questão de sobrevivência. Dessa forma, os conceitos precisam ser constantemente revistos, com o empresário rural e seus colaboradores sempre dispostos a evoluir.
E você? É um produtor rural ou um empresário rural? Conte pra gente pelos comentários e até a próxima.