A pandemia de COVID-19 paralisou o mundo desde o ano passado, mas outros vírus também voltaram a assombrar a sociedade. Dessa vez o mercado das proteínas está em alerta com as gripes aviária e suína. Isso porque foram registrados casos de peste suína africana (PSA) e gripe aviária (vírus H5N8) em diversos países da Europa e da Ásia.
Peste Suína Africana (PSA)
A peste suína africana teve seu primeiro relato na China em 2018 e desde o ano passado tiveram casos indicando o retorno. Sendo responsável por metade da população suína do mundo, o país teve que abater milhões de animais para conter o surto. A PSA também foi o motivo pela grande exportação de carne bovina do Brasil no ano passado. China e Hong Kong responderam por 60,5% dos embarques totais de carne vermelha brasileira. Os novos focos de surto da peste suína foram identificados na China, Vietnã e algumas regiões da Malásia, neste ano de 2021.
A doença é altamente contagiosa e fatal para os porcos, sendo transmitida entre os animais ou através da alimentação deles, e existe um potencial de transmissão para os humanos. Não existe ainda uma vacina comercial disponível para prevenir a doença, por isso os governos contam com medidas de biossegurança e o abate de animais suscetíveis para conter os surtos.
O Vietnã teve 11% do seu rebanho abatido em 2019 pela PSA, e até fevereiro deste ano já tiveram que sacrificar 2.000 animais. O Ministério da Agricultura do país afirmou que apesar dos 20 focos de surto, a situação ainda está sob controle e eles pretendem começar a produção de sua vacina até o meio do ano.
Já a Malásia teve seu primeiro surto no início do mês de fevereiro e o estado de Sabah abateu 3.000 porcos. Entretanto, o governo já comunicou que as principais fazendas comerciais estão livres da doença.
Gripe Aviária (H5N8)
A França reportou, desde o ano passado, 418 focos do surto de gripe aviária decorrente do vírus H5N8. O governo francês informou que os principais animais atingidos foram os patos e cerca de 2 milhões de animais, entre patos e outras aves, tiveram de ser abatidos até o momento. O vírus é altamente patogênico, com grande disseminação entre os animais mas inofensivo aos seres humanos.
Além da França, outros 17 países europeus estão relatando casos da cepa H5N8 como Itália, Alemanha e Suécia. De acordo com a Associação de Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves), a Alemanha já teve que abater 20 mil perus e a Suécia 1,3 milhão de frangos. Também existem casos de gripe aviária na Índia e somando Europa e Ásia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 7 milhões de aves já foram sacrificadas, entre aves migratórias ou de criações locais.
No fim de fevereiro, a Rússia relatou os primeiros casos da gripe aviária H5N8 em humanos. Sete trabalhadores de uma granja, em que teve um surto da doença no fim do ano passado, tiveram o vírus detectado, porém são assintomáticos. Apesar disso, a chefe do órgão de vigilância de saúde do consumidor russo, Anna Popova, afirmou que o risco de transmissão entre os humanos ainda é muito baixo.
E o Brasil diante das gripes aviária e suína?
Os surtos de gripes aviária e suína do mercado das proteínas podem afetar o Brasil com o aumento de exportações. A China continua sendo a principal compradora de carne suína brasileira, tendo adquirido em fevereiro deste ano 41,6 mil toneladas. Cerca de 34% a mais que no mesmo período do ano passado. No geral, houve um aumento de 20,3% na exportação brasileira de carne suína neste mês.
A carne de frango também teve um aumento de 0,1% no volume das exportações no mês de fevereiro. Uma nota da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) reforça que a carne de frango ainda é segura para consumo. “Com base no conhecimento científico da gripe aviária, o frango e outros produtos avícolas são seguros para comer se cozidos de maneira adequada, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, diz a nota.
Assim como o coronavírus, que vem preocupando todo o mundo, os outros vírus também devem ter atenção para seu controle e erradicação. A saúde pública envolve todo cuidado com a população humana e animal. Protocolos adequados de manejo e vacinação dos animais são as melhores formas de evitar prejuízos por doenças.
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